Certamente que isto é uma grande parte da nossa dignidade... que possamos conhecer e que, através de nós, a matéria possa conhecer-se a si própria; que, começando com protões e electrões, saídos do princípio dos tempos e da vastidão do espaço, possamos começar a entender; que, organizados como estão em nós, o hidrogénio, o carbono, o nitrogénio, o oxigénio, esses 16 a 21 elementos, a água, a luz do Sol- todos eles, tendo-se transformado em nós, possam começar a entender o que são, e como se tornaram nisso. George Wald (Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia) (1964)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sopa de Plástico



Cientistas alertam para a enorme quantidade de lixo plástico despejado nos oceanos de todo o mundo. Referem as duas enormes ilhas de plástico flutuante do Oceano Pacifico, que são já consideradas as maiores concentrações de lixo do mundo, com cerca de mais de 1000 km de extensão. Esta dupla concentração de lixo estende-se a partir da costa da Califórnia, atravessa o Havai e chega a meio caminho do Japão, atingindo uma profundidade de cerca de 10 metros e 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos.
Pedaços de redes de pesca, garrafas, tampas, bolas, bonecos, sapatos, isqueiros, sacos de plásticos, pequenos pedaços impossíveis de identificar e muito de tudo o que é possível ser fabricado em plástico. Segundo os mesmos cientistas, a mancha de lixo, ou sopa de plástico tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.
Esta mancha encontra-se actualmente dividida em duas grandes áreas, ligadas por uma parte estreita, junto ao atol de Midway. Um marinheiro que navegou pela área disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico a sua frente. “Como foi possível fazermos isso?Naveguei mais de uma semana sobre todo aquele lixo...”.
Refira-se ainda que todas as peças plásticas fabricadas desde que se inventou este material e que de alguma forma não foram recicladas, ainda estão em algum lugar do planeta. Simplesmente porque a generalidades dos plásticos demoram entre os 300 e os 500 anos a decompor.
Tamanha quantidade de lixo plástico é grave para a vida marinha. Segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas, o plástico constitui 90% de todo o lixo flutuante nos oceanos e é a causa da morte de mais de um milhão de aves marinhas todos os anos, bem como de mais de cem mil mamíferos marinhos.
Rolhas, isqueiros e escovas de dentes já foram encontrados nos estômagos de aves mortas, principalmente albatrozes, que os engolem pensando tratar-se de comida.
Como quero que fique a pensar nisto, sugiro que veja um vídeo do YouTube sobre a autópsia dum albatroz. Se tiver estômago para isso...
Estima-se ainda que cada metro quadrado de oceano contenha cerca de 46 mil pedaços de plástico. Cerca de cem milhões de toneladas de plástico são produzidas todos os anos e 10% acabam invariavelmente no mar. Cerca de um quinto do lixo vem de navios e plataformas petrolíferas, o restante vem de terra.
Está também nas nossas mãos evitar a utilização abusiva de produtos de plástico. Evite os produtos com embalagens sofisticadas e recorra aos sacos reutilizáveis.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Estudo revela que plásticos decompõem-se na água e contaminam mares


Os materiais plásticos que se afirma serem indestrutíveis decompõem-se rapidamente na água e libertam substâncias tóxicas em todos os mares do mundo, concluiu um estudo apresentado na reunião anual da Sociedade Química dos Estados Unidos da América.
Na reunião anual daquela sociedade, que aconteceu quarta-feira, em Washington, o colégio de Farmácia da Universidade de Hihon (Japão), considerou a descoberta "surpreendente", uma vez que se pensava que o maior perigo dos plásticos no mar era o facto de poderem ser ingeridos pelos peixes.
"Pensava-se que os plásticos de uso diário eram, em geral, muito estáveis", considerou Katshuhiko Saido, cientista que dirigiu a investigação.
"Descobrimos que, na realidade, o plástico se decompõe ao estar exposto à água e ao sol ou a outras condições ambientais. Esta é outra fonte de contaminação global que vai continuar no futuro", acrescentou.
Todos os anos são deitados para as ribeiras do Japão cerca de 150 mil toneladas de materiais plásticos, disse ainda Saido, sublinhando que acontece o mesmo nos outros mares do mundo.
Segundo o cientista, quando se decompõe, o plástico liberta bisfenol A e oligomero PS, substâncias potencialmente tóxicas.
Fonte: Agência Lusa

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Lacticínios (2ª PARTE)



No último artigo sobre alimentação escrevi acerca dos lacticínios, e do seu efeito na prevenção da osteoporose. Apesar da controvérsia do tema, levantei as questões sobre se os produtos lácteos resolvem realmente a osteoporose e mencionei estudos que parecem não comprovar de todo essa relação.
Mas, para além do tema da osteoporose, os lacticínios podem também não ser tão benéficos para a saúde como nos diz a publicidade, em especial quando consumidos em enormes quantidades como o faz a população moderna.
Pessoalmente, acredito que existe uma certa ordem natural que devemos seguir e dentro dessa ordem não somos um ser com características para ingerir leite ou derivados: como mamífero que somos, a ordem natural (que se aplica a todos os mamíferos) é sermos amamentados com leite materno até cerca de um ano, para depois sermos desmamados e começarmos a comer alimentos sólidos.
Na realidade, o ser humano é o único animal que após desmamado continua a ingerir leite e ainda por cima de uma outra espécie. Basicamente, o leite de vaca é um alimento ideal para nutrir um bezerro que aumenta nas primeiras semanas cerca de 37 quilos; um bebé humano, no mesmo espaço de tempo, aumenta apenas 1 a 2 quilos.
Walter Willet, professor de nutrição na prestigiada Universidade de Harvard, mencionado por mim no último artigo, cita e corrobora com factos aquilo a que ele chama o "Lado Negro do Cálcio e dos Produtos Lácteos" . Para ele, as principais razões para evitar o consumo de leite e produtos lácteos são:
Intolerância à lactose
Gordura saturada
Calorias extra
Aumento do risco de cancro na próstata e possivelmente um aumento de risco de cancro nos ovários.

Dos pontos acima citados, gostaria de referir:
Intolerância à lactose - A maioria da população mundial é intolerante à lactose, o açúcar presente no leite de vaca. A maioria das pessoas após os 4 anos de idade perde a capacidade de fabricar lactase, o enzima responsável pela digestão da lactose e apenas 25% da população mundial consegue digerir bem o leite. A intolerância à lactose manifesta-se em sintomas como diarreia, prisão de ventre, cólicas, náusea. Dos diferentes grupos étnicos, a intolerância à lactose é a seguinte: de descendência asiática - 90 a 100%, de descendência africana - 65 a 70%, de descendência hispânica ou italiana - 50 a 70%, de descendência caucasiana - 10%.
Gordura saturada - A gordura presente nos lacticínios é gordura saturada, responsável pela obstrução dos vasos sanguíneos que está na origem da maioria das doenças cardiovasculares modernas.
Cancro na próstata - Em nove estudos independentes sobre o desenvolvimento do cancro na próstata, o factor mais forte e consistente ligado a este tipo de cancro foi o consumo elevado de lacticínios. No maior destes estudos o "Health Professionals Follow-up Study", os homens que bebiam 2 ou mais copos de leite por dia tinham mais do dobro das hipóteses de desenvolver cancro da próstata avançado ou com metástases do que aqueles que não bebiam leite nenhum.
Cancro nos ovários - Existe um número significativo de estudos que apontam para a hipótese de o cancro nos ovários estar ligado ao consumo de produtos lácteos e apesar de tais estudos não serem conclusivos, a ligação parece ser demasiado forte para não ser considerada.
Antibióticos - O uso de antibióticos misturados na ração diária das vacas é enorme. Nos Estados Unidos, por exemplo, a vasta maioria dos antibióticos é utilizada nos animais e não em pessoas (isto apesar do seu uso em hospitais ter aumentado 100 vezes em 35 anos). Esses antibióticos acabam por ir parar ao leite e à carne, o que não me parece de todo ser benéfico. É bem possível que a resistência crescente de algumas bactérias aos antibióticos esteja ligada ao seu uso indiscriminado na cultura pecuária.
No meu caso pessoal deixei de consumir leite e produtos lácteos (um alimento que consumia em quantidades copiosas) há 24 anos e pouco tempo depois os sintomas de uma colite e de uma sinusite desapareceram completamente, até hoje. Na realidade, tenho testemunhado num número incontável de pessoas, melhoras extraordinárias em problemas como colite, sinusite, otite, asma e outros problemas respiratórios, alergias, quando deixam de consumir lacticínios e, em especial, quando deixam de comer lacticínios e açúcar.
Tenho a noção de que os dados apresentados nestes dois artigos sobre o leite são perturbadores, em particular quando a maioria da informação veiculada pela publicidade e comunicação social nos diz que este é essencial. Deve no entanto considerar que a informação veiculada pela publicidade pode não ser consubstanciada por factos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a FDA (Food and Drug Administration) proibiu as empresas produtoras de lacticínios de colocarem nas embalagens qualquer publicidade referente às vantagens destes alimentos porque de acordo com as regras da FDA é obrigatório corroborar as frases publicitárias com factos concretos e estes nunca são apresentados.
Não pretendo de todo com estes artigos semear o pânico ou ser o arauto da desgraça. Penso no entanto que é meu dever alertar e mostrar o outro lado da moeda, de forma a que se possa questionar o que às vezes parece ser inquestionável, informar-se e assumir tomadas de decisão conscientes sobre o estilo de vida e alimentação.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Lacticínios (1ª PARTE)

Na época actual, a população adquire cada vez mais a consciência de que uma boa alimentação é vital para a manutenção da saúde e bem estar. Cada vez mais pessoas reduzem o consumo de carne, açúcar, "fast food" e procuram nas lojas e mercados de produtos naturais alimentos integrais e biológicos.
No entanto, devido a toda a publicidade veiculada na comunicação social e em grandes cartazes espalhados nas ruas, o leite e os lacticínios continuam a ser considerados alimentos saudáveis, essenciais, quase sacrossantos: necessitamos de beber leite todos os dias para obter o cálcio necessário à formação e manutenção da massa óssea e assim evitar a osteoporose.
Escrever um artigo refutando tais afirmações e mencionado que o leite e os produtos lácteos não são assim tão saudáveis pode parecer uma total heresia, mesmo um perigo para a saúde pública. No entanto, alguns dos mais conceituados nutricionistas e médicos mundiais afirmam categoricamente que o consumo de produtos lácteos não evita a osteoporose e que podemos viver com melhor saúde quando nos abstemos de os ingerir.
Na realidade, o número de cientistas que acha que o leite e seus derivados não são bons para a saúde cresce todos os dias: Frank Oski (médico, director do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina John Hopkins e Médico-Chefe do John Hopkins Children's Center), Walter Willet (médico, presidente do Departamento de Nutrição da Harvard Public School e Professor de Medicina da Faculdade de Medicina de Harvard), Lawrence Kushi (nutricionista, responsável por inúmeros estudos epidemiológicos e professor de Nutrição na Faculdade de Columbia de Nova Iorque), Colin Campbell (médico, Professor na Faculdade de Medicina de Cornell e responsável pelo maior estudo de nutrição até hoje realizado, o China Health Project), o falecido Benjamin Spock (médico), Neal Barnard (médico), John McDougall (médico) e muitos outros nomes conhecidos na comunidade científica internacional têm escrito e realizado alocuções públicas em que condenam veemente o uso dos produtos lácteos, afirmando que toda a publicidade feita aos mesmos não passa de uma fraude científica encabeçada por empresas comerciais.
Citando Walter Willet no recente livro publicado pela Escola Médica de Harvard, "Eat, Drink and Be Healthy": "... os produtos lácteos não deviam ocupar o lugar proeminente que ocupam na Pirâmide Alimentar do Ministério da Agricultura Americano, nem deviam ser o cerne da estratégia nacional para prevenir a osteoporose. Em vez disso, os factos mostram-nos que o cálcio alimentar deve ser oriundo de uma variedade de fontes...", ou "...mas o leite dá-nos mais do que apenas cálcio e alguns dos seus componentes - como calorias extra, gordura saturada, e açúcar conhecido como galactose - não são necessariamente bons para si. E mais, cerca de 50 milhões de adultos nos Estados Unidos não conseguem digerir completamente o açúcar conhecido como lactose. Como não o consegue fazer a maioria da população mundial".
Sei que o que está a ler lhe pode parecer chocante, mas considere os seguintes factos:
Países do Mundo com maior consumo de lacticínios per capita: Finlândia, Suécia, Estados Unidos da América, Inglaterra.
Países do Mundo com maiores índices de osteoporose per capita: Finlândia, Suécia, Estados Unidos da América, Inglaterra.
Ingestão de cálcio na China rural: metade da ingestão da população americana.
Fracturas ósseas na China Rural: 5 vezes menos do que na população americana.
O que os diferentes estudos científicos apontam, praticamente sem excepção, é que absorção de cálcio depende de muitos mais factores do que a simples ingestão de lacticínios; os factores mais importantes parecem ser:
O tipo de alimentação que se tem - Uma alimentação com alto teor de proteína de origem animal como é a alimentação moderna, faz com que o organismo excrete muito mais cálcio; quanto mais proteína animal comemos, mais cálcio perdemos.
O grau de actividade física - A actividade física é essencial para a fixação de cálcio nos ossos; um pequeno passeio diário de meia hora pode operar maravilhas no que toca à prevenção da osteoporose.
Produção de hormonas reprodutoras como estrogéneos e testosterona - Redução na produção destas hormonas (estrogéneos nas mulheres, testosterona nos homens) torna difícil produzir e recriar massa óssea.
Vitaminas D e K - Estas vitaminas desempenham um papel importante na absorção e fixação de cálcio.
Apesar de a osteoporose não ter que ver apenas com o consumo de cálcio este é no entanto necessário; contudo, os lacticínios não são de forma alguma os únicos detentores deste mineral. Os vegetais verdes de rama fornecem a mesma quantidade de cálcio do que o leite, assim como por exemplo as oleaginosas.
As algas contêm uma quantidade muito superior de cálcio, algumas como a Hiziki, 14 vezes mais de cálcio por 100 gramas.
Em debates ou conferências em que menciono a quantidade de cálcio doutros alimentos é-me geralmente respondido que é verdade que outros alimentos contêm a mesma ou uma maior quantidade de cálcio, mas que este não é bem absorvido no sistema digestivo, não é "bio-disponível."
Os factos, parecem contudo ser diferentes. Segundo o "American Journal of Clinical Nutrition" a absorção de cálcio de diferentes alimentos é, por exemplo, a seguinte:
Couve de Bruxelas - 63.8%
Brócolos - 52.6%
Rama de nabo - 51.6%
Couve - 50%
Leite de vaca - 32%
Portanto, não é apenas possível obter cálcio a partir de muitos outros alimentos, como é tão bem ou melhor assimilado que no leite de vaca.
Gostaria de frisar que não sou contra o consumo de lacticínios, apesar de achar que é perfeitamente dispensável, se assim se desejar; publicitar o seu uso como sendo absolutamente essencial para a saúde, nomeadamente para a osteoporose é, no mínimo, revelador de falta de informação e parece-me também ser pouco ético. Até hoje, ainda não vi qualquer estudo onde tal conclusão fosse evidente e inequívoca.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Aquecimento ou Arrefecimento?

Afinal, o planeta Terra está a aquecer ou a arrefecer? A pergunta parece disparatada quando a maioria dos estudos científicos aponta para o degelo do Árctico, para o aquecimento global e para causas antropogénicas - o dióxido carbono proveniente das actividades humanas - como explicação para esse aquecimento.





A vida no frio
Há animais - a maioria deles micróbios - que vivem e prosperam permanentemente em ambientes muito hostis para a esmagadora maioria das espécies existentes à face da Terra. A ciência deu-lhes um nome curioso: extremófilos. Vivem dentro de rochas geladas, no fundo dos mares sem luz solar, nas bordas das crateras dos vulcões activos, nas fontes hidrotermais dos leitos dos oceanos, em ambientes extremamente secos, ácidos, alcalinos, salinos, radioactivos ou tóxicos. E nos ambientes frios nem sempre são de dimensões microscópicas. No início de Outubro de 2008, uma equipa de cientistas britânicos e japoneses ficou totalmente surpreendida quando descobriu e filmou, através de um robô-submarino, um cardume de 17 peixes - conhecidos por "pseudoliparis amblystomopsis" - a 7700 metros de profundidade no estreito do Japão, no oceano Pacífico. Esta foi a maior profundidade de sempre a que foram encontrados peixes vivos. O "pseudoliparis" tem um comprimento máximo de 24 centímetros e está adaptado a um ambiente particularmente inóspito: a temperatura não ultrapassa os quatro graus e a pressão da água salgada equivale ao peso de 1600 elefantes sobre o tejadilho de um mini! Deixando os paquidermes e regressando ao mundo microscópico, a descoberta de novas classes de extremófilos na Terra pode aumentar as hipóteses de encontrarmos vida noutros planetas e satélites do Sistema Solar, abrindo os horizontes à Astrobiologia. Em Marte, onde as temperaturas à superfície variam entre os 140 graus negativos e os 20 positivos, poderá ser mais fácil do que julgamos encontrar formas de vida no subsolo gelado (o chamado "permafrost"), apesar de as sondas espaciais até agora enviadas nada terem descoberto. E os 90 graus negativos do oceano de Europa, um dos quatro maiores satélites de Júpiter, talvez não sejam uma barreira intransponível. Em particular se existirem fontes hidrotermais.


Na floresta do norte da Suécia, dentro do Círculo Polar Ártico, a temperatura no Verão desceu 0,3 graus nos últimos 1500 anos, segundo um estudo da Universidade de Estocolmo.    

As opiniões no mundo cientifico, dividem-se.
A Europa estava sob uma camada de gelo. Na Holanda os canais congelaram, na Inglaterra o Tamisa também, de tal forma que os seus habitantes até festejaram mercados sobre a superfície do rio. Até o Báltico congelou totalmente, pelo menos duas vezes. Os Verões foram frios e húmidos e os cereais apodreceram nos campos. O fracasso das colheitas e a fome seguiu-se. Nos Alpes, os glaciares avançaram e destruíram aldeias e campos. Na mesma altura começou a caça às bruxas - era necessário um bode expiatório pela miséria. Mas esta catástrofe climática não foi provocada só, ou, pelo Homem. Foi o Sol que levou a Terra a uma Pequena Era do Gelo. Este é o nome com que os cientistas baptizaram o período de frio que durou entre o século XV até ao XIX. Durante este período, o astro esteve pouco activo, o que se demonstrou pelo pequeno número de manchas solares observadas. Dois períodos particularmente gelados foram o Mínimo de Maunder, que durou entre 1645 e 1715, assim como o Mínimo de Dalton, entre 1790 e 1830. Durante o Mínimo de Maunder, que durou 30 anos, foram observadas apenas 50 manchas solares, no lugar das centenas que seriam normais. Agora, alguns cientistas prevêem uma nova Pequena Era do Gelo. O Sol está a dar sinais de enfraquecimento da sua actividade. No inicio de 2007, o ultimo do ciclo de onze anos terminou, durante o qual a actividade varia e atinge o seu mínimo. Deveria ter começado um novo ciclo, ligado ao regresso das manchas solares. Seria o 24º ciclo, desde que se começou a observação  sistemática do Sol, a meio do século XVIII. Mas quase não foram observadas manchas solares. Em 2009, o Sol esteve 260 dias sem actividade e em 2008 266 dias. Desde 1849 que só houve três anos com pouca pouca actividade solar. Na Terra, o aquecimento global parece ter estagnado. A organização científica  Friends of Science de Calgary, no Canadá, constatou até um arrefecimento. Entre Janeiro de 2002 a Outubro de 2009 a temperatura média global baixou cerca de 0,2 graus,segundo os seus dados. Para o mesmo período de tempo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas prognosticou um aumento de temperatura em exactamente 0,2 graus. O Sol está no centro da controvérsia.


A vida surge em ambientes inóspitos para a maioria das espécies existentes na Terra, o que aumenta as hipóteses de que seja encontrada nos planetas gelados do sistema solar.
 
 
 
 
O lugar mais frio da Terra
Não, não é na Antárctida que se situa o lugar da Terra onde os termómetros batem todos os recordes (89,4 graus negativos). O campeão indiscutível é o LHC, o novo acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra. A uma profundidade de 100 metros situa-se o gigantesco túnel de 27 km do acelerador, equipado com um sistema de refrigeração a hélio líquido que é mantido a uma temperatura tão baixa - 271,25 graus negativos - que faz a Antárctida parecer um lugar ameno. Os cientistas do CERN costumam dizer, com um certo orgulho, que este é o local mais frio do Sistema Solar, porque está muito próximo do zero absoluto (273,15 graus negativos), a temperatura mais baixa do Universo, onde as moléculas e os átomos têm a menor quantidade possível de energia térmica. A definição do zero absoluto levou mesmo à criação de uma escala onde não há graus negativos, a escala Kelvin, onde o zero corresponde precisamente aos 273,15 graus negativos da escala Celsius que vulgarmente usamos. Isto significa que a temperatura do sistema de arrefecimento do LHC é de 1,9° K (graus Kelvin). Este recorde da ciência europeia está provisoriamente em suspenso, porque o acelerador sofreu uma avaria e, para decorrerem os trabalhos de reparação, foi necessário colocar o sistema de refrigeração do túnel à temperatura ambiente. Mas a partir de Maio de 2009, a maior máquina do mundo voltará a simular os primeiros momentos do Universo, logo a seguir ao Big Bang. E o seu frio extremo irá permitir que os feixes de partículas lançados no acelerador viajem quase à velocidade da luz sem encontrarem resistência. 
 
Fontes: Jornal Expresso e Revista Focus
                                                                                                 
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