Certamente que isto é uma grande parte da nossa dignidade... que possamos conhecer e que, através de nós, a matéria possa conhecer-se a si própria; que, começando com protões e electrões, saídos do princípio dos tempos e da vastidão do espaço, possamos começar a entender; que, organizados como estão em nós, o hidrogénio, o carbono, o nitrogénio, o oxigénio, esses 16 a 21 elementos, a água, a luz do Sol- todos eles, tendo-se transformado em nós, possam começar a entender o que são, e como se tornaram nisso. George Wald (Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia) (1964)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

ÁRVORE MAIS ANTIGA DE PORTUGAL, TEM 2850 ANOS

Oliveira com a bonita idade de 2 850 anos
A árvore mais velha de Portugal, com 2.850 anos, foi certificada em Santa Iria da Azóia, concelho de Loures, graças a um método inovador de datação desenvolvido ao longo de dois anos pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

A oliveira recebe no sábado uma “certidão de idade”, num acto público organizado pela Associação de Defesa do Património Ambiental e Cultural (ADPAC) de Santa Iria da Azóia, uma das ‘culpadas’ pela datação recorde.

O processo começou muito antes quando um empresário de comércio de árvores ornamentais passou a necessitar de fazer acompanhar as espécies de um atestado de idade. O empresário contactou a UTAD, que desenvolveu uma técnica inovadora da dimensão das árvores e que já foi patenteada, contou à Lusa um dos dois principais investigadores do método, José Luís Louzada.
 A idade das árvores era atribuída até ao momento pela contagem dos anéis, porque em cada ano as árvores formam um risco, ou pela técnica de medição do carbono 14, que tende a diminuir com a passagem do tempo.

“Mas em qualquer um desses métodos, a árvore não pode estar oca: porque sem madeira não se podem contar os anéis, nem retirar uma amostra da parte mais antiga da árvore, que deixa de existir (para a técnica do carbono 14)”, explicou o investigador.

A terceira metodologia surgiu então da hipótese de que árvores mais velhas têm determinado volume ou dimensão. Face ao clima português, foram estudados padrões de crescimento para saber quanto tempo demora uma oliveira a atingir determinada dimensão.

A fórmula final foi conseguida com conclusões retiradas de avaliações de mais de 100 árvores e pelo “acaso” de o estudo coincidir com a construção da barragem do Alqueva, que obrigou ao abate de inúmeras espécies, facilitando o trabalho dos investigadores da UTAD.
Oliveira do tempo de Viriato, junto ao Castelo de Pirescouxe em Santa Iria da Azóia
 
A oliveira bravia que vai ser certificada foi identificada pela ADPAC, que contactou o empresário que tinha financiado a investigação e se tornou num dos proprietários da patente.

Raro ser vivo contemporâneo

Situada no Bairro da Covina, no que resta de um antigo olival próximo das ruínas do Castelo de Pirescouxe, a oliveira tem um perímetro na base de 10,15 metros (4,40 m de altura e 7,60 x 8,40 de diâmetro de copa). A idade e a localização da árvore permite identificá-la como um dos raros seres vivos contemporâneos de Viriato ou seja uma ‘testemunha’ da resistência dos Lusitanos à invasão Romana, das invasões árabes, à reconquista cristã e ao nascimento da nacionalidade portuguesa.

José Luís Louzada acredita que haverá no país uma oliveira mais antiga, mas cujo dono não acedeu à certificação. O investigador crê que em Trás-os-Montes e talvez na Beira Baixa existam castanheiros milenares, assim como na Galiza.

Investigadores ‘vizinhos’ têm tentado financiamento europeu para comprovar a hipótese, o que ainda não aconteceu, acrescentou o investigador. Os líderes do estudo foram José Luís Louzada e Pacheco Marques, investigadores do Departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista da UTAD.

Fontes: Agência Lusa e Ciência Hoje
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